Budapeste

Tentamos lembrar quando foi a primeira vez que Budapeste foi citada em algum dos nossos planos de viagem (sonhar e planejar viagens é meio que uma mania que a gente tem, algumas acabam acontecendo...). Concluímos que foi em algum dia remoto onde decidimos que um dia faríamos uma viagem ao leste europeu. Mas a coisa parou por aí. Nunca tínhamos pesquisado realmente, procurado saber mais sobre esta cidade.

Quando moramos em Paris, entre 2010 e 2011 (por onze meses), tínhamos por objetivo aproveitar pra viajar bastante pela Europa. Reservamos grana pra isso, pois consideramos um boa oportunidade ter como base uma cidade européia como ponto de partida pra o resto do continente. Já estávamos em Paris há dois meses e ainda não havíamos tirado os pés do solo francês. Motivo: organização. De repente, numa segunda-feira a gente se olhava e dizia: vamos viajar no final de semana? Mas daí as passagens aéreas já estavam mais caras do que estávamos dispostos / podendo pagar.

Então um dia, antes que o tempo nos escoasse pelas mãos, resolvemos comprar as passagens para "A Viagem" de novembro (de 2010). Abrimos o site da E-dreams, de passagens low cost, e um mapa da Europa, que compramos na banca de revistas. Sem muitos critérios específicos fomos elegendo cidades no mapa e procurando preços na internet. Tipo: "moço, quanto chiclete dá pra comprar com estas moedas?". Olhando para o mapa da Europa, sonhamos com alguns países e cidades que por vezes nem ao certo sabíamos onde ficavam. "Ah, esse país fica ao lado desse outro! Puxa!"

Budapeste tinha um bom preço para o aéreo + hotel. E foi assim que a cidade voltou aos nossos planos de viagem. Faltando uma semana para embarcarmos, resolvemos pesquisar, afinal chegar numa cidade sem saber nada sobre ela é desperdiçar tempo e oportunidades! O Santo Google nos deu vários informações; a Lu, do blog Aventuras de uma família na Europa, também nos deu dicas bem legais e nos indicou o blog da Liana (Ela é americana... da América do Sul!) com ricas informações históricas sobre a cidade. Sabendo um pouco mais sobre nosso destino, começamos nossa aventura na sexta-feira pela manhã (05 de novembro de 2010), nosso vôo era às 13h e precisávamos descobrir como chegar no aeroporto de Orly, em Paris, de trem.

Não foi difícil, descobrimos o itinerário na internet, site da RATP, e assim deu para calcular o tempo, quase 1 hora para chegar lá desde nossa casa no 15º arrondissement de Paris. No aeroporto andamos um bocado até encontrar os guichês da Easy Jet, eles ficam numa parte meio isolada do aeroporto, mas quem tem boca vai a Roma, no caso à Easy Jet! Embarque tranquilo, vôo tranquilo. Ah, a Easy Jet não oferece lanchinho no vôo, como estamos acostumados no Brasil, aqui eles vendem lanches, bebidas, roupas, acessórios... tudo e mais um pouco. Tem um catálogo à disposição dos passageiros e a gente pede e paga pelo que quer.


No trem para o aeroporto em Paris

No avião para Budapeste

Chegamos em Budapeste às 15h30 e já tínhamos decidido ir de táxi para o hotel. Isso não é muito comum para os nossos padrões, normalmente preferimos pegar transporte público, ônibus ou metrô e caminhar mais um tanto para ir para o hotel quando chegamos numa cidade nova. Por duas razões: economia e oportunidade de já ir aprendendo como as coisas funcionam. Mas com um bebê a gente repensa algumas coisas... he he... e já tínhamos visto que o táxi não era assim tão caro.

Fizemos um trajeto de mais ou menos 45 minutos confortavelmente instalados no carro e cada qual vidrado na paisagem do lado de fora de sua janela, impressionados com o pôr-do-sol, às 15h30!, e com a cidade que aos poucos ia se revelando. Prédios lindos, antiquíssimos e impressionantes. Quando nos aproximamos do Rio Danúbio foi emocionante, estávamos do lado de Peste, e nosso hotel era na antiga Buda, de forma que nós não apenas avistamos o Danúbio, como fomos logo atravessando sua extensão através da ponte mais antiga da cidade! Memorável...


Ponte das Correntes, com Peste ao fundo


Castelo de Buda, um dos principais "postais" da cidade

Nosso hotel ficava pertinho da Ponte das Correntes (ou Széchenyi lánchid), que foi a primeira a ser construída ligando Buda e Óbuda à Peste. Estávamos super bem localizados, e o hotel era bem gostosinho. Achamos o atendimento eficiente, apesar de frio, os recepcionistas não eram de muito papo não. Quando chegamos, tentamos a comunicação primeiro em francês, não rolou, depois em espanhol, não rolou, até que meu parco inglês resolveu ressuscitar e eu virei a porta-voz da família. Ismael só agradecia em alemão! Eles providenciaram berço para Joaquim e sempre foram muito solícitos em nos deixar usar o microondas na cozinha para aquecer as sopinhas. Ah, e tinha frigobar no quarto, enchemos de sopinha caseira! O nome do hotel: Carlton.

Sobre a língua local, foi muito estranho não reconhecer nenhuma palavra! Até para olhar o mapa tínhamos dificuldades. Mas conseguimos nos virar bem, com meu inglês fraquinho. Ismael que ficava na maior agonia, porque ele adora interagir com o povo mas não conseguia...

Estávamos hospedados a 1 minuto a pé da Ponte das Correntes, que atravessamos zilhões de vezes durante todo o final de semana. Fizemos praticamente todos os passeios a pezão, mesmo quando olhávamos no mapa e achávamos que era um pouco longe, logo pensávamos que caminhando a gente poderia ver mais coisas pelo caminho e fotografar e coisa e tal, e assim foi. Primeira pernada foi logo na tarde/noite em que chegamos. Atravessamos a ponte e, seguindo a dica do recepcionista do hotel, fomos ver a tal Feira de Natal que estava começando naquele dia, no centro de Peste. Só para atravessar a ponte levamos quase meia hora, de tanto que parávamos para admirar a vista da cidade, os prédios históricos iluminados e fotograr muito. Quanto mais andávamos mais empolgados ficávamos com a beleza de Budapeste.

A Feira estava lindona, foi bem legal começar o final de semana assim, pois ela reunia várias coisas típicas e muitas coisas lindas. Jantamos por lá mesmo, depois de muita dificuldade para conseguir nos familiarizar com a moeda local, o forint (1 euro = 250 forint = 2,40 reais, na época), aliás passamos o findi todinho fazendo nó na cabeça para calcular o preço das coisas. E concluímos que Budapeste é uma cidade cara, embora tivéssemos lido o contrário. Na verdade concluímos isso porque passamos a calcular as coisas em reais, quando pensávamos em euro víamos que os preços estavam compatíveis com Paris, ou seja, caro!

No sábado, fomos presenteados com um sol lindo, coisa que há muitos dias não víamos em Paris. E percebemos que o dia clareia mais cedo em Budapeste. Vimos o sol nascendo às 7h. 

Começamos o dia visitando a Bazilika Szt. István, ou igreja de São Estevão. Uma das mais bonitas que já conhecemos!! Seu interior é de tirar o fôlego. Depois decidimos comprar tickets para o Sightseeing, ônibus turístico que passa pelos principais pontos da cidade e que permite saltar e pegar outro no decorrer de 24 horas. Os tickets incluiam também um passeio de barco pelo Danúbio. Acho que o ônibus é um jeito legal de entender como a cidade se distribui, as distâncias entre os pontos, etc. Nós fizemos o passeio completo e elegemos lugares para voltar depois. O único inconveniente é que o ônibus faz muitas paradas, tornando o passeio bem demorado. 

Depois do bus e do barco, foi a vez de bater perna novamente. Ficamos cerca de duas horas explorando a cidade no lado de Peste. Vimos o Mercado Central, um prédio magnífico, mas que infelizmente estava fechado; fomos caminhando pela Váci, que é um calçadão bem animado, com muito comércio, algumas praças e monumentos; passamos novamente pela feira de Natal e continuamos caminhando até o prédio do Parlamento, que é um espetáculo à parte. Não cansamos de fotografá-lo durante todo o dia, de vários pontos da cidade, ele é como um imã que atrai olhares e lentes por ser tão lindo. Há uma visita guiada para conhecê-lo por dentro, mas nós não a fizemos.

Interior da Igreja de Szt. István, ou São Estevão

Rio Danúbio à noite

Cidade vista da Citadella. Buda à esquerda e Peste à direita

Mercado Central

Prédio do Parlamento

Domingo, ao contrário do dia anterior, amanheceu e permaneceu cinza, fazendo jus ao clima outonal, mas pelo menos não choveu, deu para passar o dia inteiro batendo perna novamente. Começamos pelo lado de Buda. Saindo do hotel subimos a íngreme colina, empurrando o carrinho do Joaquim escada acima, até chegar no Mátyás Templon, ou igreja de Mathias. Um conjunto arquitetônico deslumbrante, com muitas torres, mosaicos, elementos decorativos, estátuas, etc. Além da construção em si, com ares medievais, que impressiona muito, lá de cima tem-se uma vista maravilhosa do Rio Danúbio e Peste. Ficamos um tempão admirando e fotografando tudo. Próximo dali está o Castelo de Buda, a construção imponente que mais se vê quando estamos às margens do Danúbio do lado de Peste. O Castelo abriga um museu com obras de artistas húngaros, moedas e relíquias, nós só conhecemos a parte externa. Dentre as coisas que nos chamaram bastante a atenção destaca-se uma fonte com a estátua de três crianças brincando com um peixe, linda!; e uma senhorinha tocando realejo perto do Castelo, ela era muito fofa, e aquele musiquinha enchendo o ar imprimia algo de surreal ao momento.

Mátyás Templon

Parlamento visto da Igreja Mathias

A empolgação diante da beleza da Igreja Mathias

A senhorinha e o realejo


Detalhe da fonte no Castelo de Buda

De lá, atravessamos a Ponte das Correntes e seguimos, à pezito, pela Avenida Andrássy, até a Praça dos Heróis. É uma pernada e tanto, mas vale a pena, pois passamos pela Ópera, e por diversas casas e palacetes que marcam uma época muito próspera da cidade, anterior ao comunismo. Nesta avenida também está o monumento da Cortina de Ferro, bem interessante. Junto à Praça dos Heróis está o Museu de Belas Artes onde havia uma exposição com obras de Bottero e Klimt, entre outras, os ingressos para nós dois sairia quase R$ 70,00, e ainda tinha tanto para ver da cidade... e Bottero e Klimt nem são húngaros... resolvemos aproveitar a estrutura do Museu: café, fraldário, toilettes, calorzinho, he he... e continuar nossa jornada.


Praça dos Heróis

Ópera


Monumento da Cortina de Ferro
Caminhando na Av. Andrássy

Av. Andrássy


Atrás da Praça dos Heróis está um lugar encantador e que nos foi uma grata surpresa, pois não sabíamos direito o que nos esperava. Trata-se do Parque Municipal Varosliget, uma grande área verde onde, entre outras coisas, está o Castelo de Vajdahunyad. Nós não sabíamos de sua existência, e foi super gostoso descobrir essa maravilha. O Castelo é lindo e junto a ele tem uma capela, e outra construção impressionante que abriga o Museu da Agricultura, além da estátua de Anonymus, uma homenagem ao autor, até hoje desconhecido, que foi o primerio a transpor a história da Hungria para uma obra literária. A estátua é linda e de dar arrepios!


Castelo de Vajdahunyad

Castelo de Vajdahunyad

Estátua de Anonymus

Caminhamos um pouco mais pelo parque enquanto tomávamos um vinho quente e sentamos à beira do lago para dar o lanchinho do Joaquim. Ele curtiu olhar os patinhos enquanto degustava sua papinha de fruta e víamos as luzes da cidade acendendo.

De lá pegamos um metrô, (o primeiro metrô da Europa Continental foi construído em Budapeste), e foi bem pitoresco, pois as estações são super antigas, algumas delas pareciam locação de filme de época. Descemos perto do calçadão da Váci e fomos fechar o dia na Feira de Natal, compramos uns enfeitinhos lindos entre outras coisinhas.

Última manhã em Budapeste, segunda-feira amanheceu chovendo. Que bom que foi no final! Não nos animamos a sair do hotel. Curtimos bem o café da manhã e ficamos de preguicinha até a hora de ir para o aeroporto.

Nós amamos conhecer Budapeste. Saímos muito com a sensação de quero mais, pois muita coisa do que tínhamos pesquisado não conseguimos ver ou fazer. Fica a pergunta, será que com tanto lugar no mundo para conhecer um dia ainda voltaremos à Budapeste? Se rolar vamos querer curtir os banhos termais, famosíssimos na cidade; queremos ver o Memento Parque, com estátuas do tempo do comunismo; vamos conhecer o prédio do Parlamento por dentro e vamos pra lá na primavera ou verão, para ver a cidade com outras cores.

Ah, e agora eu PRECISO ler o livro do Chico: Budapeste!

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